top of page
Buscar

Trump anuncia novas tarifas, mas Ibovespa e real surpreendem com alta – entenda o motivo

  • Ricardo Henrique
  • 14 de fev.
  • 3 min de leitura

Visão é de que anúncio de tarifas abriu margem para negociações, enquanto siderúrgicas nacionais não seriam tão afetadas pelas de aço.


Donald Trump
Presidente dos EUA - Donald Trump

A semana foi marcada por novos anúncios de tarifas feitas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, trazendo a princípio impactos mais diretos para as companhias brasileiras do que as declarações voltadas a outros países num primeiro momento. No início da semana, houve o anúncio do tarifaço, agora de 25%, sobre todas as importações de aço e alumínio de vários países (podendo incluir o Brasil) para os Estados Unidos. As tarifas devem entrar em vigor em 12 de março.


Já na última quinta-feira, a Casa Branca anunciou a implementação de tarifas comerciais recíprocas contra países que taxam os Estados Unidos. Em documento distribuído nesta quinta-feira, a Casa Branca menciona o etanol brasileiro como um dos possíveis alvos das mudanças a serem feitas pelo governo norte-americano.


As tarifas não entrarão em vigor imediatamente, sendo uma medida intencional para dar tempo aos países que devem ser impactados negociar novos termos comerciais com os EUA, disse um funcionário da Casa Branca. Howard Lutnick, indicado de Trump para secretário de Comércio, apontou que o governo abordaria cada país afetado um por um e que os estudos sobre o assunto seriam concluídos até 1º de abril.


Neste cenário, ao contrário do que poderia parecer num primeiro momento, o mercado brasileiro reagiu relativamente bem aos vários anúncios do presidente americano. No acumulado da semana (até o início da tarde desta sexta), o Ibovespa avançava cerca de 1,6% e voltava aos 126 mil pontos, enquanto o dólar caía por volta de 1,2%, na casa dos R$ 5,72.


Sobre as siderúrgicas, num primeiro momento, o impacto não foi tão grande, uma vez que a visão é de que afetará a princípio pouco as empresas listadas.


Em relatório, a XP Investimentos nota que os potenciais impactos nas empresas sob a sua cobertura – Gerdau (GGBR4), CSN (CSNA3), Usiminas (USIM5) e CBA (CBAV3) – são relativamente baixos.


Em relação à Gerdau, observa uma exposição limitada a exportações para o mercado dos EUA, além de ser diretamente beneficiada pela presença fabril que possui no país (uma vez que a redução potencial na oferta de importação poderia implicar em uma melhor posição de preços).


Em termos relativos, as empresas mais negativamente impactadas poderiam ser a CSN e a CBA – no entanto, as exportações como percentual das receitas consolidadas são relativamente baixas (abaixo de 4%), limitando os potenciais riscos de redução das exportações para o país.



Impactos


Apesar de leve otimismo, o mercado segue acompanhando de perto os impactos das tarifas para o Brasil.


O Bradesco apontou em estudo que as tarifas de 25% sobre as importações dos Estados Unidos de aço teriam impacto de até US$ 700 milhões nas exportações do Brasil. O levantamento aponta que o Brasil exportou US$ 4,1 bilhões em aço, ou 5,8 milhões de toneladas, aos EUA em 2024.


Por outro lado, não seria surpresa o impacto ser “mitigado” por conta das características dos produtos de aço que o Brasil exporta para os EUA. “A maioria é composta por produtos semi-acabados de aço, que servem de insumo para a indústria norte-americana e tendem a ter uma elasticidade de preço menor do que a usual”, ressaltou o banco.


Já sobre as tarifas de reciprocidade, a Capital Economics apontou que o Brasil está entre os mais afetados pelas medidas.


Conforme a consultoria, pelas regras de reciprocidade tarifária é preciso considerar não só a média das taxas que outros países aplicam às exportações dos EUA, mas também o Imposto sobre Valor Agregado (IVA) cobrado sobre essas exportações americanas. Assim, se os EUA decidirem aplicar tarifas equivalentes, que combinem tanto as taxas de IVA quanto as tarifas comuns, o Brasil (28%) estaria entre os mais afetados.


A câmara de comércio explica que a tarifa média de importação aplicada pelo Brasil ao mundo é de 12,4%, mas que para produtos dos Estados Unidos ela cai a apenas 2,7%. Isso porque 48% das exportações do país entram no território brasileiro sem tarifas, e outros 15% estão sujeitos a alíquotas de no máximo 2%.


Em meio a tantas incertezas, a visão é de que o Brasil não é uma prioridade para os EUA e o que pode haver é uma negociação de cotas em determinados produtos, o que gera maior tranquilidade. Contudo, a depender das declarações de Trump, a volatilidade deve entrar no radar.


 
 
 

Comentários


bottom of page